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Pedro Mulungu

from mem​ó​rias by aguapé

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about

Para conhecer o trabalho de Pedro Mulungu:
www.instagram.com/_mulungu/

lyrics

O único registro que tem é uma foto que é uma tirinha, sabe? Nem é uma foto completa, é só uma tirinha mesmo, igual os antigos faziam. E tem lá minha bisavó Maria Laurinda e meu bisavô Sebastião Carapuça. E eu acredito na ancestralidade como uma linha que não tem começo, nem fim. Mas a gente é o meio disso tudo. Só que para a gente conseguir, dar procedimento nessa linha, a gente tem que estar sempre de olho atrás, do que veio atrás. Eu acredito muito na figura dos meus bisavós como a figura que me protege. Acredito neles como se fossem meus deuses mesmo. Sabe? Meus santos. Meus guias. Meus orixás. Para mim são os meus bisavós. E quando eu era criança, bebezinho mesmo, tipo um ano, talvez, eu fui morar com a Maria Laurinda que é minha bisavó e minha bisavó e minha vó Maria.. gente me fugiu o nome, acho que é Maria Silva, tem alguma coisa depois de Silva, que eu não lembro... Eu fui morar com essas mulheres. E minha bisavó ela era de um culto que chamava Tereco, que é o Tambor da Mata lá do Maranhão. E eu acredito que nesse processo que eu fui morar com a minha bisavó, ela colocou alguma coisa dentro de mim. Que é um termo que tem no Maranhão que chama de pedra da memória. Que são as pessoas, elas não são especiais, elas são tipo selecionadas para cuidar dessa questão da ancestralidade, sabe? Para poder zelar por isso. E quem guarda a pedra da memória dentro de si, busca muito essas questões. E eu acredito que eu consegui isso tendo que ir morar com a minha bisavó. E também eu acredito na minha bisavó e no meu bisavô como os meus pólos negativos e positivos, masculinos e feminino, sabe? Sendo o meu bisavô o lado feminino porque ele era uma pessoa mais calma, ele era uma pessoa mais amorosa, eu acredito que ele é meu lado feminino, meu lado da paciência, o lado artístico. E a Maria Laurinda sendo o meu lado mais impulsivo, meu lado de fazer as coisas acontecerem… e essas coisas… Eu tenho pouca memória dos meus bisavós. O que eu tenho de história deles é tudo que minha mãe me conta. Porque minha mãe foi criada com eles, passou mais tempo com eles do que com a própria mãe. Então, eu conheço bastante deles através das memórias da minha mãe. Agora minha mesmo, eu tenho só uma. Que é de Maria Laurinda sentada embaixo de um pé de bananeira. E eu tenho um afeto muito grande pelos dois, porque…. nossa, eu não sei nem explicar, pra mim eu só estou aqui por causa deles. E eu relaciono muito o fato deles serem pessoas nômades, eles eram pessoas nômades a toda a questão de terra que tinha no Maranhão, a questão dos latifundiários, dos pequenos agricultores que viviam fugindo, porque não tinham onde morar. Os meus bisavós eram assim, eles carregavam minha mãe para cima e para baixo, nos anos 70/80. E eles viviam assim, e me inspira bastante, acho que a memória mais afetiva que eu tenho é essa. Da minha bisavó, e as que minha mãe conta.

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from mem​ó​rias, released May 21, 2020

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aguapé Belo Horizonte, Brazil

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aguape.bandcamp.com/album/mem-rias


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